quinta-feira, 10 de setembro de 2009

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Palacete Bibi Costa



















No século XIX, com o advento da Revolução Industrial, a borracha converteu-se em matéria-prima primordial para a indústria automobilística, na fabricação de pneus, luvas, mangueiras... Sendo beneficiada em paises da Europa como Bélgica, Espanha, e principalmente a Inglaterra, por ser esta a precursora do automobilismo. Com a entrada dos Estados Unidos no mercado do látex e a implantação do processo de vulcanização da borracha que tornava o produto mais resistente ao calor e ao frio.
No ano de 1867 ocorreu a abertura para o tráfego de navios estrangeiros ao longo de toda a bacia amazônica. Era a época áurea, o fausto da borracha que incitava a uma série de lendas a respeito das fortunas dos Barões da Borracha, como por exemplo, de que estes acendiam seus longos charutos cubanos com notas de dinheiro incineradas. Porém, algo mais presente que simplesmente lendas restou daquela época. Belém ainda abriga um riquíssimo patrimônio arquitetônico que remete ao requinte vivido. O palacete Bibi Costa, José Júlio de Andrade ou ainda O Castelinho, como é conhecido por alguns, é uma imponente construção que atualmente abriga a sede da AHIMOR a qual têm submetido o prédio a inúmeras reformas na tentativa de aproximar cada vez mais os detalhes degradados pelo tempo minuciosos e marcantes detalhes da construção original. Em 1904, por solicitação do major Carlos Brício Costa, o renomado engenheiro Francisco Bolonha iniciou a construção do palacete. A conclusão deu-se em 1905 conforme a placa de metal fixada na entrada da residência.
A inauguração data de 21 de junho de 1906, quando este serviu de pouso para o então presidente da República Afonso Pena. Em 20 de abril de 1910 o palacete foi vendido por motivo de falecimento do major Brício Costa. A viúva, a Sra. Anna Mcdowell, vendeu o palacete para o coronel seringalista José Júlio de Andrade, quem mais tempo morou no palacete. Assim como inúmeras lendas foram criadas em torno dos Barões da Borracha, o mesmo aconteceu com o segundo proprietário da residência.
A memória popular acusa José Júlio de Andrade de ter sido um homem muito cruel, que torturava e mantinha escravos encarcerados em seu porão, o que rende até hoje ao prédio a fama de mal-assombrado. Existem casos relatados nos anos em que a Secretaria de Planejamento do Estado era sediada no "Castelinho" de que elevadores se movimentavam e luzes acendiam e se apagavam misteriosamente, até mesmo o próprio Jose Júlio de Andrade chegou a ser visto em meio a mesas e arquivos da Secretaria, decerto que não no horário comercial! Em 1952 o Prédio foi vendido para o comerciante Lauro Ramos por motivo de mudança do casal Andrade para o Rio de Janeiro. Em 1967 o palacete passou para o domínio do Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis (DNPVN) sendo logo em seguida alugado para a Secretaria de Planejamento do Estado do Pará (SEPLAN).
Ao adquirir sede própria, a Secretaria de Planejamento devolveu o prédio para a AHIMOR, o órgão que corresponderia ao extinto DNPVN. A AHIMOR vem tentando de todas as maneiras, ao longo destes anos, revitalizar o prédio principalmente no que se refere aos forros de placas trabalhadas de alumínio vindas da França, que foram cobertos por uma camada de tinta uniforme ocultando a riqueza de detalhes que lhes é peculiar, o mesmo em relação às paredes.
Estas não apresentam mais as cores características da Belle-Époque e tampouco os detalhes em madeira de lei que também foram encobertos pela pintura. Todos estes detalhes foram sujeitos a uma meticulosa prospecção para que, após futuras reformas, esta edificação seja de fato um marco na memória da Belle-Époque na Amazônia.

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