quarta-feira, 5 de agosto de 2009

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A CIDADE E O PLANEJAMENTO URBANO


Cidade é uma área urbanizada, que se diferencia de vilas e outras entidades urbanas através de vários critérios, os quais incluem população, densidade populacional ou estatuto legal, embora sua clara definição não seja precisa, sendo alvo de discussões diversas. A população de uma cidade varia entre as poucas centenas de habitantes até a dezena de milhão de habitantes.

No fim da pré-história, surgem os primeiro grupos organizados de pessoas, que não formam propriamente cidades, mas pequenas comunidade nômades que se mudavam sempre que o solo era exaurido, esses pequenos grupos formavam o que chamamos de “proto-cidades”. A formação das cidades vai bem mais além do que uma questão histórica geográfica, mas acima de tudo social. (LIMA, 2002)
[1].
Durante o Periodo conhecido como Bábarie o homem deixa sua condição individualista e quase selvagem, com sua subsitência unicamente extrativista, da caça, da pesca e da produção de artefatos rudimentares. Passando a viver em bando, aprioramorando as condições agricolas, domestiacando animais, fabricando objetos em cerâmica e em pedra polida.
A partir desse momento ocorreram duas revoluções muito importantes: A revolução agricola e a revolução urbana. Segundo Lima (2002), dá-se da seguinte forma:

1. A Revolução Agrícola, na qual o homem começou a aplicar processos racionais de agricultura: irrigando, arando, selecionando sementes, observando épocas propícias ao plantio de alguns vegetais e conhecendo as estações do ano. A partir daí, as sociedades passam a colher excedente agrícola, propiciando, com isso, a sua sedentarização; e
2. A Revolução Urbana, surgida com a incompatibilidade, na mesma área, entre as atividades agrícolas e a criação de gado (que já estava presente na sociedade).

Com a revolução urbana, surge a necessidade da primeira divisão social do trabalho: a dos agricultores e dos pastores. Estes dois grupos trocavam entre si, os seus produtos, originando assim os primeiros pontos de trocas, nos quais agricultores e pastores permutavam os seus produtos.
As cidade evoluiram a partir de uma condição de bando, passando por uma condição de aldeia onde o trabalho ja era um pouco mais organizado, apartir do momento em que o homem passa a cultivar e aprimorar as técnicas agricolas. Chengando até a condição de cidade, que não era simplesmente uma aldeia em escala maior. As cidades poderiam crescem cem vezes mais que as aldeias, pois a sua população não era composta exclusivamente de agricultores, mas de grupos de pessoas especialistas, que poderiam gerar renda para seu sustento com o comércio, a fabricação de artefatos, prestação de serviços religiosos, proteção militar e outros.
As primeiras cidade surgiram por volta de 4000 a.C, no Egito e a leste das montanhas da Suméria, área hoje conhecida como Iraque. Nesta área correm os rios Tigre e Eufrates surgiram as primeiras cidades conhecidas: Nipur, Isin, Churupak, Uruc e Ur.
[2]
Várias outras civilizações surgiram a partir de pequenas vilas agricolas, e se tornaram em grande cidades com milhares de pessoas, e uma organização cultural muitas vezes proveniente de um planejamento. Estas cidades passaram a ter áreas destinadas a encontros, recreação, comércio e culto religioso. A principal característica destas primeiras cidades, era o cercamento por muros, com a finalidade de impendir o acesso de inimigos.
Neste período Hipoddamus com suas teorias e idéias sobre o uso ideal da terra e da localização de ruas e edifícios nas cidades de Mileto e Pireu, surge como o pai do planejamento urbano. Mas, as primeiras pistas de civilização que se ultilizarão do Planejamento como arma para organização das cidades data de 3.500 a.C.
A localização das cidades era muitas vezes influenciada pela acessibilidade. Algumas cidades localizavam-se nos alto de uma montanha ou penhasco, em uma ilha, em uma curva, ou em locais que facilitassem o escoamento de mercadorias e produtos agrícolas.
As cidades viviam em uma organização familiar de clã ou tribo. Os seus territórios alcançavam grandes áreas de terra a sua volta para alimentar a população, e administrar os seus negócios como nação independente.
As constantes guerras, e as constantes invasões levavam a cidade a um constante ciclo de vida e morte, construção e destruição. Com a formação dos grandes impérios e reinos, surgiram a divisão de classes em pirâmide, com a base formada por uma grande quantidade de servos, vassalos, outra área menos densa formada por sacerdotes e administradores. E o topo da pirâmide formada por um rei (GUIMARÃES, 2004:11). Essa estrutura de cidade se manteve por muito tempo, sempre com a base da pirâmide populacional composta por uma classe extremamente pobre. Guimarães afirma:

O mundo antigo, até onde podemos reconstruí-lo, apresentava uma mesma estrutura social. No Egito, Creta, ou na mesopotâmia, conforme o período da história, encontrar a mesma disposição social: um déspota reinante, cujos caprichos e paixões eram fatores determinantes do estado; os guerreiros como casta dominante; uma grande organização sarcedotal com influência sobre o estado e à qual era destinado o exercício intelectual (a escrita e a medicina); e, finalmente, uma população miserável e subjugada. (GUIMARÃES, 2004)

O crescimento destas civilizações do mundo antigo fez com que as cidades se desenvolvessem. As cidades gregas tiveram origem a partir de pequenas comunidades, que se transformaram em cidades, e algumas vieram a se tornar cidades-estado.
As cidades passaram a ter áreas de uso comum e de grande valor social, religioso e cultural. O maior exemplo desses é a “ágora”
[3], centro de todas as atividades sociais, era o coração vivo da cidade grega. A “acrópole” local onde se concentrava o poder do rei nos tempos antigos era lá que se concentravam a vigilância sobre a cidade. Muitas vezes esta era erguida sobre o ponto mais alto da cidade.
Os antigos gregos estruturam suas cidades a partir de um centro principal, onde se localiza o santuário, rodeado pela ágora, pelos edifícios e equipamentos de caráter religioso e cívico, com ostentação arquitetônica. As cidades apresentavam traçados regulares e repetitivos, em sua maioria, e alguns irregulares. Não sendo obrigatoriamente simétrico, mas muitas vezes sinuosos, com uma diferença de cotas e destaque para a momumentalidade das obras públicas.
Lamas (2004: 139)
[4] descreve a formação do espaço urbano da cidade grega, da seguinte maneira:

· A colocação de edifício singulares – monumentos – em <>, assimétrica, mas inter-relacionados por distância e vazios, e em situação predominante na estrutura urbana. O conjunto de grandes edifícios e equipamentos de caráter comercial, cívico, cultural e religioso ocupa os pontos fulcrais das cidades e organiza as estruturas urbanas. Os equipamentos são muito cuidados e organizados para acolher funções públicas: a ágora, envolvido pelo mercado, o teatro, etc. (destaque do autor)
· As áreas residências, bastante modestas, sem tratamento especial, organizam-se em evidente contraste com os lugares públicos. O tecido habitacional uniforme e é ordenado sem pretensões tanto por traçados regulares e repetitivos como traçados irregulares e orgânicos.

A organização das áreas habitacional dá-se em forma de quadricula, com o intuito de compatibilizar a estrutura fundiária e com a topografia, buscando diferentes arranjos.
Um momento importante na transição das cidades antigas foi o período Helenístico
[5] quando se adotou maior aparato e cuidado ambiental nas cidades para formar uma instituição básica: a Cidade-estado, com uma maior valorização da cidade, enquanto espaço de espetáculo. Neste período foram valorizadas as relações dos monumentos (como peças fortes da estrutura urbana) com o tecido habitacional envolvente, regular e uniforme; a utilização da combinação de geometrias orgânicas com quadriculas regulares; os efeitos de momumentalidade sem recursos de perspectivas axiais e a valorização do monumento através da leitura em espaço, perspectivas oblíqua e o seu posicionamento em cota superior à do observador (LAMAS, 2004:144).
Já o urbanismo romano teve grande influência na Europa, levando às várias áreas, principalmente as mediterrânicas, a criação de novos assentamentos e a influência cultural. O que era inicialmente uma pequena cidade ocupada pelos etrucos, sabinos, latinos e algumas colônias gregas. Tornou-se a maior potência do Mundo Antigo.
As principais transformações ocorridas no mundo antigo após o apogeu romano deram-se na infra-estrutura do transporte (construção de estradas, pontes e portos); divisão de terras “aráveis” baseadas na grelha, definidas por vias secundária e paralela às estradas principais; fundação de novas cidades que serviam para consolidar as conquistas territoriais e abastecer a metrópole (GUIMARÃES, 2004:26).

É em Roma que se coloca pela primeira vez, e com pleno sentido a regulamentação urbanística. A falta de espaço e de água, as necessidades de defesa e a grande dimensão obrigam os minuciosos regulamentos que o aparelho jurídico romano codifica e organiza: regras, posturas, intermediações e obrigações, produzem um controle apertado sobre demolição e construção, circulação, distribuição de água ou crescimento urbano [...] (LAMAS, 2002: 146)

Em outro período muito importante, a cidade medieval passa a ter características diferentes da apresentada pelo Mundo Antigo. Esta era iniciada a partir da tomada da Europa Ocidental, por grandes tribos bárbaras. Diminui o crescimento demográfico e a vida urbana passou a ser reduzida. Segundo Lamas (2004:151) vários fatores influenciaram a formação das cidades medievais:

· Antigas cidades romanas que permaneceram, ou que, tendo sido abandonadas, são posteriormente reocupadas.
· Burgos que se formam na periferia da cidade romanas por vezes do outro lado do rio, e que se desenvolvem até formar cidades;
· Cidades que se formam pelo crescimento de aldeias rurais;
· Novas cidades, como as bastides, fundadas, como base comercias e militares, a partir de um plano geométrico predeterminado.

A cidade feudal apresentava duas características básicas: o sistema feudal, representado pelo castelo, e o cristianismo. As grandes muralhas vão cercar estas cidades, onde passam sobrepõem ao antigo traçado ortogonal romano, assumindo o traçado radiocêntrico.

Mudanças funcionais, falta de espaço dentro do perímetro amuralhado, dificuldades de obtenção dos materiais de construção, levam a cidade medieval a utilizar resto de materiais das antigas cidades romanas: pedras de templos e edifícios. (LAMAS, 2002:151)

Com o advento do cristianismo a religião teve um papel fundamental na formação das cidades. O que ocorre também no islamismo que também passou a ter grande influência na formação de algumas cidades. Expandindo-se pela Arábia e oriente Médio, Índia e a Península Ibérica. Apresentavam características das cidades antigas, com elementos estruturais privados e públicos, com seus recintos separados e voltados para o pátio.

As ruas das cidades muçulmanas eram constituídas de trechos de alargamentos e estreitamentos (algumas com cinco palmos de largura), e numerosos becos sem saída. As vielas e becos parecem-nos lugares sombrios e tristes, mas os mulçumanos gostavam da penumbra, da quietude do recolhimento. Viviam voltados para dentro, em seus terraços, em seus pátios, desconfiados da rua, de que se protegiam com suas adufas, gelosias, rótulas e mucharabis. Gostavam de inspecioná-las, mas sem serem vistos. (GUIMARÃES, 2004:39)

Elementos importantes como: o mosteiro, as muralhas, ruas, espaços Públicos (praças e os mercados) e palácios, marcaram estruturalmente a cidade medieval, onde cada uma apresentava seu papel e a delimitação do espaço urbano da cidade.
Ø A Muralha: símbolo da defesa e da delimitação do crescimento da cidade. Era a proteção das mesmas contra inimigo, roubos e invasores. Mas também é um delimitador da cidade, a divisão entre o campo e o rural. Este caracteriza a forma e a imagem da cidade.
Ø A Rua: é o elemento base da cidade medieval, geralmente concebidas pra se locomover a pé ou a tração animal. São elas que ligam os edifícios comercias, já que o pavimento térreo das moradias servia como comércio, é uma extensão desse comércio, local de transações e mercado. Passou a se utilizar um sistema construtivo a partir de quarteirão, logradouros, prédio e fachada.
Ø O Espaço Público: as ruas irradiavam-se a partir da praça central. A praça é geralmente irregular e resulta mais de um vazio aberto na estrutura urbana do que um desenho prévio (LAMAS, 2004:154). Segundo Camillo Site, a cidade medieval poderia ter mais de uma praça. Se dividindo geralmente entre Paca do Mercado e a praça da igreja. Já o mercado era o espaço público por excelência, onde eram prestados serviços, e havia troca de mercadorias, se prolongado até as ruas.
Ø O Mosteiro: era nos mosteiros medievais que se transferiam os livros da literatura clássica do papiro para o pergaminho, onde a língua latina era falada na conversação diária, onde a avançada agricultura romana era praticada e a medicina grega era cultivada (GUIMARÃES, 2004: 39).
A cidade medieval tem em seus produtores a grade maioria de seus habitantes, mas apresentava também a presença de comerciante e de artesões, que mais tarde passariam a tomar o poder dos senhores feudais, começava a se formar a classe burguesa.
Com o advento dessa nova Classe, que passa a ter o controle de todo o poder cultural, político e econômico, desbancando os senhores feudal e o clero, surge então o rompimento do Renascimento, com os conceitos góticos medievais, conhecido como “Idade das Trevas”
[6].
Houve grandes transformações na estrutura da cidade, principalmente em sua divisão social, compreendida entre os de artes liberais (centradas em conceitos filosóficos e em estudos históricos) e artes mecânicas (relativas ao domínio da técnica e a disciplina prática). As artes liberais tinham o propósito de orientar, e as mecânicas o objetivo de executar.
Os feudos, como eram conhecidos dos aglomerados populacionais, passam a ter um crescimento muito grande, tornando-se super lotadas. Estes deixam de lado as muralhas, devido a invenções da pólvora e do canhão. As fortificações renascentistas tinham um custo muito alto, o que impedia a ampliação da cidade, com muralhas concêntricas das cidades feudais, o que gerou um adensamento populacional, e o inchaço das cidades. As formas das cidades dependiam muito da fortificação.
O Renacimento foi marcado por um grande desenvolvimento artistico, os planejadores desenham parte de uma cidade em grande escala, criando grandes áreas para solucionar a super lotação de tempos antingos.
No transporte, foi à substituição das rodas das carroças inteiriças, por rodas fabricadas em partes separadas, dando a carroça o meio de transporte muito usado nas cidades renascentistas, que levou as alterações importantes no papel da rua. Com seu traçado retilíneo passa a ser pela primeira vez eixo de perspectiva, traço de união e valorização entre elementos urbanos. (LAMAS, 2004:172)

[...] A rua deixa de ser apenas um percurso funcional - como na Idade Média -, e para se tornar também um percurso visual. Decorativo de aparato, próprio à deslocação por carruagem e organizador de efeitos cênicos e estéticos.
[...] A rua renascentista será um importante sistema de circulação, até se tornar, no período barroco, em cenário – corredor para grandes movimentações, procissões, cortejos e paradas. (LAMAS, 2004:172)

A praça toma uma nova função e forma nas cidades renascentistas. Entendida como um local especial, e não apenas um vazio urbano como na era medieval. É nela que se concentram os principais monumentos e obras públicas, possuindo funcionalidade e grandes aparatos artísticos. Segundo Lamas é o cenário, espaço embelezado, manifestação das vontades políticas e de prestigio.
Um equipamento urbano que surgi nessa época e que passa a ter um grande papel quanto à forma urbana, é o monumento.

A escultura, o obelisco, a fonte, o arco do triunfo, serão utilizados como meio de embelezamento urbano, por vezes unindo-se a uma necessidade utilitária – como fonte e chafariz -, ou apenas com significações religiosas, sociais, políticas e culturais. (LAMAS, 2004:184)

Paralelo a isso, há também o movimento Barroco, que trará grandes contribuições para a cidade. É o oposto da arte clássica, com suas características sensuais, exuberantes, dinâmica, apinhado de formas esculturais onduladas e grandiosos (GUIMARÃES, 2004:52).
Quanto ao traçado seria apenas uma monumentalização do renascimento. Em Roma, foi símbolo da cristandade, na França, era expressão da monarquia absolutista e centralizada em Versallhes, construído para a glorificação de Luiz XIV.

O traçado barroco (cidade, palácio e jardim) baseava-se num conjunto do poder e da ordem, representando, um ponto de vista simultâneo unívoco e abrangente. (GUIMARÃES, 2004:55)

O renascimento alcançou não somente os paises Europeus ou árabes, mas neste momento começa a tomar um novo rumo em direção às Índias. Com a descoberta das Américas, levou consigo grandes influências dos colonizadores da Península Ibérica, para suas colônias Americanas.
A formação das cidades baseava-se em organizações irregulares, e protegidas contra os ataques dos índios. No entanto sobre a influencia da metrópole passou-se a usar a quadricula como estrutura das cidades.
É no barroco que a quarteirão passa a ter grande importância no espaço da cidade, delimitado por vias e que se subdivide em lotes e edificações. Assumindo formas, dimensões e volumes diferenciados, dependendo se sua posição no contexto urbano, que segundo Lamas pode ser de duas formas: Primeiro como resultado intersticial ou resíduo ocasional dos traçados, assumindo formas irregulares, o segundo corresponde à utilização do quarteirão como elemento morfológica-base, gerador do espaço urbano, por repetição e multiplicação (GUIMARÃES, 2004).
A jardinaria é outro elemento da composição da cidade, que se evidencia neste período. A árvore e o espaço verde, da alameda ao jardim e ao parque, tornam-se elementos importantes, neste período.

A partir do Renascimento e do Barroco, a forma da cidade européia será desenvolvida e aperfeiçoada até hoje. A cidade não será apenas o lugar de vida e abrigo dos habitantes, mas também o campo de actuação político-social, o lugar de significação e da ostentação do poder. (LAMAS, 2004:184)

O século XIX foi marcado por grandes transformações na forma de produção e geração de riquezas nas grandes cidades européias, principalmente com a revolução industrial e a conquista de novos mercados em escala mundial (o imperialismo). Tudo isto gerou grandes impactos sócias, onde acelerou o processo de urbanização destas cidades, gerando miséria, disseminação de epidemias, revolta das massas, abundância de material e o lazer ao alcance da classe média. (GUIMARÃES, 2004:59)
Com a chegada da Revolução Industrial
[7], mudou não somente a forma de produção, mas também a forma com que as cidades eram concebidas. Muitas vezes pensado como uma grande máquina, a cidade passa a também a crescer de formar rápida e desregular.
Antes da revolução industrial o desenvolvimento econômico era muito lento. A forma de produção era feita a partir de artesões, que detinham a matéria prima e comercializavam o produto final do seu trabalho. Geralmente era feita por apenas um artesão, em um processo manual, conhecido como “manufatura”. Com o advento da Revolução Industrial, os trabalhadores já não eram os donos do processo. Passaram a trabalhar para uma pessoa, que era detentor de toda renda e do mecanismo de produção, sendo empregados ou operários. Esse processo ficou conhecido como maquinofatura.
A estrada de ferro foi uma das principais invenções da Revolução Industrial, impulsionando o crescimento dos centros urbanos. A estrada de Ferro e o capitalismo cresceram juntos, sendo que o primeiro era a armas mais poderosas do crescimento da economia.
Segundo Guimarães, a organização da cidade seguiu três modelos: Forma Neo-clássica (descreve a onda clássica ou imitação da arte clássica); Padrão residencial inglês (residências unifamiliares); e o traçado ortogonal ou xadrez (principalmente nos Estados Unidos).
O rompimento da estrutura da cidade com relação ao Barroco e o renascimento foram muito marcantes. Primeiramente a derrubada da muralha como limite da cidade, em conseqüência dos fenômenos de industrialização, as novas estratégias de militares e o aparecimento de novas armas determinaram, a partir do século XIX, alterações na organização nas cidade e a ocupação de território.
Surgi nesse momento o Boulevard, como aproveitamento das áreas vazias deixada pela derrubada das muralhas. Surgi nesse momento os primeiro subúrbios, sendo construídos em meio a jardins e parques, sendo ideologicamente a conciliação do campo com a cidade, da habitação no meio da natureza, com loteamento privados, de baixa densidade e ultilizando as tipologias do crescent e circus: com habitação que se abrem sobre grandes espaços verdes, relvados e bosques. (LAMAS, 2004:206)

O subúrbio gerou proliferação e extensão do solo construído com modificação dos modelos espaciais e urbanísticos. A rua passa a ser um mero percurso. A praça deixa de ser um espaço reservado ao encontro, à vida social e, pela falta de utilização, transformando-se em um simples largo. O quarteirão é abandonado, enquanto a baixa densidade e a casa unifamiliar se revelam sem força nem estrutura para construir verdadeiro espaço urbano. A arborização e a vegetação substituem as relações do edificado com o espaço urbano. A caracterização cuidada do espaço coletivo é substituída pela qualificação do espaço privado. O edifício vai situar-se no meio do lote. É individualizado e envolvido por jardins e deixa de contactar directamente com a rua. (LAMAS 2004:206-208)

A cidade industrial passa a ter uma especulação fundiária muito grande, além dos grandes problemas sociais, o que levou os vários pensadores e engenheiros a elaborar projetos pra melhoramento e embelezamento das cidades, entre eles estão Haussmam e Cerda.
No entanto, a maior obra de planejamento deste periodo , foi a de George Eugene Haussmam, em París, no século XVII. O que ficou conhecido como Plano de Paris, foi uma grande intervensão na ampliação das avenidas e praças de Paris, que ajudaram a cidade francesa em se tornar conhecida mundialmente como umas das cidades mais belas do mundo.
O centro da antiga París era totalmente incapaz de suportar o crescimento da cidade. As ruas medievais e barrocas não são suficiente para o trânsito, as velhas casa parecem inadequadas face as exigências higiênicas e os interesses na capital, fez com que aumentasse o preço dos terrenos e uma radical transformação nas edificicações tornou-se inevitável.
[8]
Segundo Benevolo a intervenção de Haussmam se deu de várias formas:

Viária: [...] a urbanização dos terrenos periféricos, com traçados de novas reitculas viárias e a abertura de novas artérias nos velhos bairros, com a reconstrução de edificios ao longo do alinhamento [...] Sobrepõe ao corpo da antiga cidade uma nova malha de ruas largas e retilineas, formando um sistema coerente de comunicação entre os pricipais centros de vida urbana e as estações ferroviárias, garantindo ao mesmo tempo, eficiencia diretora ao trânsito, por cruzamentos e por aneis.
Os trabalhos de edificação realizados diretamente pela administração e por outras entidades publicas: [...] compete a administração a contrução de edifícios públicos nos novos bairros e nos velhos submetidos a transformações. O Estado se encarrega dos edifícios militares e das pontes [...] o problema de moradia para as classes menos abastadas e as exigências de intervensão do Estado para a garantia de certos requisitos minimos de distribuição e higiene, independente da capacidade economica dos destinatários, começa, então a penetrar na pratica politica administrativa, ainda que seja em medida insuficiente as necessidades.
Criação de parques Publicos: [...] renova também as instalçaões da velha París [...] modifica a sede administrativa da capital.
[9]

O plano de París elaborado por Haussamam foi muito importante, pois influenciou outras cidades francesas, mas acima de tudou outras cidade européias (Bruxelas e algumas cidades italianas) e no novo mundo (cidade do México). O Plano de Haussemam é importante sobre tudo pela coerência da integridade com que é executado (BENEVOLO,1986).
Na área social, a Revolução Industrial trouxe grandes transformações, o deslocamento da população rural pra as cidades, o que gerou uma grande concentração urbana; as condições de moradias eram precárias, sendo o cortiço como moradia principal, próximo a grandes indústrias; a jornada de trabalho muito grande, que chegava a oitenta horas de trabalho semanal; o salário era muito baixo, sendo necessário muitas vezes que famílias inteiras trabalhassem em uma fábrica (mulheres e crianças trabalhavam com um salário muito menor).
Movimentos sociais, lutavam contra a exploração da classe operária pelas grandes indústrias. Movimentos como o Catequista (1811-12), Cartista (1837-48) e As Trade Unions, lutavam pela valorização do trabalho manual, a limitação de oito horas de trabalho, regulamentação do trabalho feminino, extinção do trabalho infantil, folga semanal, salário mínimo e a formação dos primeiro sindicatos.
Foi então que surgiram instrumentos tais como o zoneamento. O rompimento entre zona industrial e residencial, era também uma das revindicaçãoes destes reformistas sociais; no entanto as mudanças feitas pelos adminsitradores, não levaram a uma completa melhoria das condições precárias que a população vivia.
Na tentativa de se criar um modelo de cidade ideal para se viver, planejadores urbanos tentaram mostrar, na Feira Mundial de Chicago, em 1893, projetos de grandes avenidas, com grandes estruturas públicas, como principal mecanismos para se alcançar uma cidade ideal.
Nestes momentos surgiram junto com a necessidade de se obter uma cidade ideal, pensadores que elaboraram planos de formação de cidades ou estrutura urbanas ideais. Pensadores como Robert Owen, Charles Fourier e Etiene Cabet.
Sendo Robert Owen, um dos mais importantes utopista do século XIX, sendo considerado pai do movimento cooperativo, elabora o seu pensamento da seguite forma:
1. O número de habitantes ideal está compreendido entre 300 a 2000 (de preferências, entre 800 a 1200).
2. A extensão da terra a ser cultivada seria de um acre por pessoa, mais ou menos, portanto, 800 a 1500 acres, a serem cultivados com enxada vem como arado. Sendo um defensor da agricultura extensiva, e tal fato constituem, do ponto de vista economico, uma limitação á sua teoria.
3. A organização das edificações é funcional, a alimentação de toda a população pode ser melhor e economicamente assegurada por meio de uma cozinha coletiva.
4. a iniciativa de construir pequenas cidades economicamente ativas, poderá ser tomada por propietários de terras, por capitalistas, por companhias comercias, pelas autoridades e pelas associações cooperativas.
5. Os supérfulos produzidos pelo trabalho da comunidade, satisfeita as necessidades elementares, poderá ser trocadas livremente, utilizando-se o trabalho empregado como termo de aquicisão monetária.
6. os deveres dos moradores com as autoridade locais e centrais continuarão a ser regulados pela lei comum.
Outro pensador utopista foi Chales Fourier, defensor da propiedade comunitária, formulando a federação das comunidades, idealizando uma forma de consumo e produção, dentro das comunidades de trabalho.
A sua teoria se baseia em uma teoria filosofica-psicologica, que faz as ações dos seres humanos derivam não só do proveito economico, mas da atração de paixões. Considerava que o homem construia a sociedade de maneira egoísta, prervendo sempre o lucro.
Fourier afirmava que em um ultimo estágio de progresso, o homem não viveria mais em cidades, no qual a vida e a propiedade serão totalmente coletivizadas, devendo viver em “phalangens” de 1.620 individuos e que se alorjasse em um edificio chamado “phalanterie”.
Etiene Cabet, publica em 1840, a descrição de uma cidade ideal, “Icarias”, baseada em uma organização socialista da propiedade e da produção. Onde ao contrário de Fourier pensa em uma grande metropole.
Camillo Sitte, com uma orientação baseada nos principios compositivos e arquitetônicos medievais. Criticando a rigidez e a falta de imaginação dos traçados repetitivos dos planos de expansão alemães, que considera mais determinados por questões, como o tráfego e as infra-estruturas, e menos preocupados com os resultados paisagistcos e morfólogicos (LAMAS, 2004).
Nega a tradição de Haussman, onde busca um alinhamento retilineo, e passa a propor ums seguência construídas organizadas de modo orgânico, assimetrico e variado. Organiza a composição urbana em três dimensões, a partir de seguências. Apoiando-se na representação medieval, relega para segundo plano questões como zoneamento, as infra-estruturas, densidadem indice urbanmisticos ou funcionamento da cidade.
No entanto, o seu plano de desenvolvimento ficou limitado a pequenos espaços, onde mostrava incapacidade de controlar organismo urbanos e grandes cidades, a qual exigirá certamente outros métodos tais como elementos estruturantes e grandes traçados.
O movimento moderno assumiu, muito dos conceitos de Sitte, principalemente os seus aspectos de revivalismo medieval do que ao seu conteudo essencial- a arte de desenhar a cidade, oi a composição da forma urbana.
Com a revolução industrial e o aumento da produção, achou-se necessário a expansão do mercado, o que extendeu o domínio dos paises indústrias a novas regiões, principalmente para a África e Oceania. O que ficou conhecido como imperialismo, foi à expansão e o domínio dos paises europeus sobre novas áreas, em busca de matéria prima e de mercado consumidor para seus produtos industrializado. Levando não somente a exploração, mas também grande influencia social e cultural, e também na construção de cidades.
A revolução industrial deixou marcas profundas nas cidades, o eu levou a ruptura completa do modernismo na sua estrutura, na forma, na organização distributiva e nos conteúdos e propósitos do urbanismo e da cidade.
A cidade moderna não é fruto somente de uma única inspiração, mas sim uma junção de várias experiências urbanísticas e formulação de teorias que levassem ao crescimento e bem estar da cidade.
LAMAS (2004) define a cidade moderna com o resultado das experimentações e formulações teóricas que, na primeira metade do século XX, irão repudiar a cidade tradicional e substituí-la por um novo modelo
[10]. As cidades modernas tiveram maior destaque após a segunda guerra mundial, onde teve papel fundamental na reconstrução das cidades destruídas com a guerra.
Dois momentos marcaram a formação das cidades moderna, o primeiro compreendido no período entre guerras, configurou-se pela formação de postulado e um grande formulação teórica e experimentação, se opondo ao urbanismo formal e organizando uma nova morfologia para as cidades. Há o abandono da quadra, da rua e da praça, propondo em seu lugar a torre, a banda e o bloco, a cidade deixar de ser uma mistura funcional para se dividir em um zoneamento rígido (LAMAS, 2004:298).
O segundo momento do movimento moderno vem com o fim da Segunda Guerra mundial. Com a reconstrução das cidades e uma grande necessidade habitacional. Levarão a construção de habitações, bairros, novas cidades e reconstrução dos centros urbanos, em quantidades e ritmos nunca antes vistos.
A cidade moderna passou por grandes transformações, exemplos como os modelos aplicados as cidades-jardins, a unidade de vizinhança ou o urbanismo anglo-saxônicos, as experiências holandesas, alemães e austríacas dos anos vinte e trinta, o racionalismo e funcionalismo da Carta de Atenas, as propostas de Le Corbusier, os postulados e as conclusões do CIAM, e finalmente, o rol numeroso dos anônimos repetitivos e das extensões periféricas das cidades européias dos anos cinqüenta até aos anos setenta (LAMAS, 2004:300). Toda essa proposta da cidade moderna será vista no próximo capitulo.
A cidade-jardim surge em meio a dois pensamentos, de um lado, a da tradição utopista, que entendida como umo comunidade perfeita e auto-suficiente. Do outro lado, o conceito da casa unifamiliar no verde, que é um pouco a redução do ideal precedente por obra e cultura vitoriana na segunda metade do século, com a tônicam entretanto, colocando mais na privacy do que nas relações socias: uma tentaiva de subtrair a vida familiar a proniscuidade e a desordem da metropole e de realizar (BENEVOLO,1986).
O conceito da cidade-jardim, é uma procura de soluções para o crescimento das grandes cidades, através do texto de Howard, publicado em 1898, Tomorrow, a Peaceful Paht Real Reform
[11]. No texto de Howard, a cidade-jardim constituia um diferente modelo de organização social, economica e territorial. A sua concretização implicaria um novo ambiente residencial de baixa densidade com predominância de espaços verdes. (LAMAS,2004)
O pensamento da cidade jardim, busca a propiedade privada dos terrenos constuiveis produzindo uma valorização dos terrenos, apartir da periferia para o centro. Levando a um maior aproveitamento do limite do terreno, tornado os edificios mais compactados e congestionando o trânsito nas ruas. Isto tudo, gera um crescimento ilimitado das cidades, levando ao alargamento do congestionamento, alcançando uma área mais vasta da cidade, causando o afastamento do campo.
A cidade-jardim, é mais viavel, se comparado com as cidade utopistas, pois ela se aproxima das demais cidades, sujeita a atração da metropole, de tamanho não estável e sujeito e com uma ordenação fundiária não dessemelhante da normal.
Segundo Benevolo o conceito de “cidade-jardim” deve ser entendido com as limtações: não cidade, mas bairros satélites de uma cidade, dotada de um relacionamento favoravel entre edificios e áreas verdes e sujeitos a acertos a di de que o carater do abiemte seja respeitado.
No tocante o pensamento organizado por Arturo Soria, de cidade ideal, passa pelo modelo de cidade linear, onde apresenta uma faixa de largura limitada, percorrida contudo por uma ou mais feerovas ao londo de seu eixo, e de comprimento indefinido. Partindo de uma ou mais cidade ja existente, formando pontos de saída. As travessas terão comprimento de cerca de duzentos metros e uma largura de vinte.
Soria, pensa unicamente nas funções tradicionais, ou seja na residência e em serviços, e não fez com que as atividade produtivas interevenham no raciocionio, enquanto somente o relacionamento residencial-local de trabalho é que poderá dar um conteudo concreto no modelo linear.
O estudo sobre a unidade de vizinhaça, deu-se no inicio do século XX, pelos estudos de sociologos americanos, como Park e Nurgess, Horton Cooley, Woods e Word, qu e verificam que o enfraquecimento das liagções sociais nas cidade de rápido crescimento são substiuídas por relações indirectras entre cidadãos.

A idéia de unidade de vizinhança é de extrema singeleza: constatando que as relações socias entre vizinhos, que existiam nos antigos bairros, tendem a desparecer nas novas urbanizações e grande metropoles, pretendia-se reciá-la através da planificação urbana. (LAMAS,2004)

As preocupações basicas da unidade de vizinhança, são com a distribuição dos equipamentos de consumo na escala da cidade – e ai a escola aparece como foco das atenções, inclusive oir ser um dos motivos geradores da concepção. A segunda preocupação, refere-se ao anseio de recuperação de valores de uma vida social a nivel local (relações de vizinhança), considerando enfraquecidos ou mesmo perdidos com as transformações por que passou a vida urbana em decorrencia dos processocas espaciais e sócio-ecônomicos ocasionados pela Revolução Industrial.
O americando Clarence Artur Perry, em seu estudo sobre a unidade de vizinhança, tem a convicção de que os principais equipamentos urbanos devem situar-se próximo as habitações, em terrenos que designa de the family neighourhood. Os automoveis não devem cortar os acessos de serviços e pertubar a vida em comunidade.
Perry considera que a vida social se desenvolve graças a ultilização dos serviços comuns, à sua organização e estrutura, e prevê serviços muito diversificados: desde escolas primária a lojas, terrenos de jogos e, zonas mas ricas, a igreja, salas de reuniões e de teatro, clube e piscinas. Na unidade de 10.000 habitantes preconiza ainda um pequeno museu, teatro e outros edificiios de ultilzação social. (LAMAS 2004)
Outros pensadores também elaboraram proposta que aplicavam o conceito de unidade de vizinhança. Henry Wright e Clarence Stein constuiram perto de Nova Iorque, os conjuntos habitacionais de Sunny side Gardens e Radburn. Clarence Stein define a unidade de vizinhança:

[...] como área residencial que deve fornecer locais de habitação para uma população que tem geralmente necessidade de uma escola elementar. A sua superficie depende da densidade ultilizada. [...] a unidade de vizinhaça deve ser delimitada poor todos os lados por vias suficientemente largas para epermitir ao trânsito passar pela unidade sem a atravessar. Deve incluir um sistema de pequenos parques e áreas recerativas. Deve ser arranjado com um sitema espacial de vias destinadas a facilitar a circulação no interior, desencorajando o transito de passagem.
[12]

Por outro lado Queen Carpenter e Routh Glass, definem-a como uma questão sociológica. A unidade de vizinhaça como sendo uma área na qual os residentes se conecessem pessoalmente e tem o hábito de se visitar, uma relação de troca e a realização de coisas em conjunto. [...] é um conjunto territorial no qual os membros se encontram em terreno conhecido, no sei da sua área própia, para desenvolver atiuvidades sociais primárias e contatos sociais espontâneos ou organizados.
A organização por unidade de vizinhança, ou unidades habitacionais, foi um dos principais instrumentos de planificação da cidade morderna e influenciou também realizações que se reclamavam de tradições urbanas. Enquanto, na cidade moderna, a unidade de vizinhança se torna motor da organização funcional e social. Acabaria, na urbanstica operacional dos anos ciquenta-sessenta por se tornar determinante na organização urbana. (LAMAS,2004)
O pensamento da unidade de vizinhança se dividiu em duas vertentes: uma com o raiz anglo-saxonica e o pensamento ligado ao racionalismo europeu, partindo das tipologias arquitetônicas e proucura o modelo edificado que seja simultaneamente unidade habitacional e integre os correspodentes equipamentos. Ambas as correntes consideram o alojamento como a unidade base que agrupada e integrando equipamentos e serviços, constituirá a unidade habitacional. Ambas as correntes supôem que a vida social ou coletiva se polariza essencialmente nos equipamentos e serviços e, como tal, pode ser planificada a partir dos parâmetros urbanísticos.
O movimento moderno se caracterizou, pela necessidade de fornecer maior número de casas para todos, com uma boa qualidade de vida, uma cidade funcional e bem organizada, o parcelamento e a utilização do espaço público e acima de tudo um rompimento com o passado e com a história.
O Alojamento inicialmente se caracteriza como um edifício de uso habitacional, sendo este a célula-base para a estrutura das habitações, podendo da forma aos blocos, a torre e complexos habitacionais. É a partir do alojamento se estruturam essas unidades habitacionais e estas por sua vez se dispõem no terreno em função de necessidades higiênicas, de insolação, de arejamento e de acesso. As ruas passam a ser apenas o traçado de circulação e serviço. E toda a cidade será pensada em função dessa unidade-básica.
Na tentativa de solucionar os problemas das cidades do século XVII e XIX por causa da mistura de função. Tinha como objetivo, principalmente nos postulados deixados pela Carta de Atenas, organizar e distribuir o uso do solo urbano. Através do zoneamento
[13] divide a cidade conforme sua função: o sistema de circulação, o sistemas habitacional, sistema de equipamento, o sistema de trabalho e o sistema de recreio. O que gerou certa independência de cada sistema, a rua passa a ser somente local de tráfego; os edifícios passam a conter o alojamento e pessoas e não participam da definição do espaço urbano. Essa passa a ser a ruptura com a cidade antiga, a perda da ligação entre várias funções.

Na cidade antiga, as diferentes funções por vezes misturavam-se e coexistia no mesmo bairro, no mesmo quarteirão, no mesmo prédio. Nos anos sessenta, ocupar os bairros dos edifícios habitacionais com lojas constituía quase uma heresia ou tinha sabor à inovação... (LAMAS, 2004:304)

Outro ponto importante na construção da cidade moderna foi à questão fundiária e o uso do solo público, onde se separa o que é solo público e o que é privado. O Estado e o município detêm o domínio sobre o solo e estes privatizam o espaço onde se constrói o edifício. A questão fundiária passar a ter uma importância conceitual, ideológica e política. Sendo um estatuto da propriedade relacionada com as ideologias social democrática e socialista e seu entendimento da cidade. É através deste que se delimitam alguns alicerces fundamentais na construção da cidade: sem necessidade de loteador, com o solo livre de parcelamento, arquitetos e urbanistas tinham facilitado a tarefa de dispor edifícios no terreno, organizando livremente a forma do bairro e da cidade. (LAMAS, 2004:306)
A cidade moderna, símbolo de uma nova fase na construção do espaço urbano passa a valorizar a momumentalidade dos edifícios, fazendo apologia à construção de prédios altos e isolados em locais de destaque. E também quebra o laço com o passado, negando as formas tradicionais de construção dos edifícios e cidades. Fazendo uma arquitetura diferente, liberta e oposta a qualquer continuidade histórica.
A cidade moderna é um marco na construção do novo espaço urbano, deixando marcas muito grande na formação das cidades. Por sua inovação tecnológica e conceitual, que até hoje é usada, rompeu com a cidade que se constituía sem um planejamento prévio, sendo o conceito fundamental o alcance de um desenvolvimento sócio-econômico das cidades.

[1] Urbanismo como ciência, técnica e arte: sua política e sua proteção legal, encontrada do site http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp140.asp.
[2] GUIMARÃES, Pedro Paulino. Configuração Urbana: evolução, avaliação, planejamento e urbanização. São Paulo: Pró Livros, 2004.260 p. il.
[3] Ágora era a praça principal na constituição da pólis, a cidade grega. Normalmente era um espaço livre de edificações, configurada pela presença de mercados e feiras livres em seus limites, assim como por edifícios de caráter público. Enquanto elemento de constituição do espaço urbano, a ágora manifesta-se como a expressão máxima da esfera pública na urbanistica grega, sendo o espaço público por excelência. É nela que o cidadão grego convive com o outro, onde ocorrem as discussóes politicas e os tribunais populares: é, portanto, o espaço da cidadania. Por este motivo, a ágora (juntamente da pnyx, o espaço de realização das assembléias) era considerada um símbolo da democracia direta, e, em especial, da democracia ateniense, na qual todos os cidadãos tinham igual voz e direito a voto. A de Atenas, por este motivo, também é a mais conhecida de todas as ágoras nas polei da antiguidade.
[4] LAMAS, José M R G. Morfologia Urbana e Desenho da cidade- Ed. Fundação Calouste Gulbenkian/ Fundação para a Ciência e Tecnologia, 2004.
[5] Designa-se por Período helenístico (do grego hellenizein – "falar grego", "viver como os gregos") o período histórico que decorre entre a morte de Alexandre, o Grande em 323 a.C., e a conquista do Antigo Egipto em 30 a.C. pelos Romanos. Caracteriza-se pela difusão da civilização grega numa vasta área que se estendia do Mediterrâneo oriental à Ásia Central. De modo geral, o helenismo foi a concretização de um ideal de Alexandre: o de levar e difundir a cultura grega aos territórios que conquistava. É neste período histórico que as ciências particulares têm seu primeiro e grande desenvolvimento. É o tempo de Euclides e Arquimedes. O helenismo também marca um período de transição para o apogeu e domínio de Roma.

[6] Os historiadores consideram que o pior período da Idade Média foi a sua fase inicial. A ela foi dado o nome de "Idade das Trevas". Na Idade das Trevas a discussão sobre o universo retrocedeu muito. Voltou-se a ter uma polarização mitológica entre o céu e o inferno. Para o homem comum a Terra voltava a ter a forma de um tabernáculo retangular, plano, circundado por um abismo de água. Se olharmos para o que as civilizações já haviam criado para descrever o Universo, vê-se que este realmente foi um monstruoso retrocesso. Extraído do site do Ministério da Ciência e Tecnologia.
[7] A Revolução Industrial significou o início do processo de acumulação rápida de bens de capital, com conseqüente aumento da mecanização. Isso se deve ao fato de o capitalismo (economia de mercado) estar como sistema econômico vigente. A revolução industrial se dividiu em três fases: no inicio do século XIX na Inglaterra; a partir de 1815 a revolução alcança a Europa e 1850 a 1920 se Expandem pelo Mundo.
[8] BENEVOLO, Leonardo - Historia da arquitetura moderna (1989). São Paulo: Editora Perspectiva S.A.

[9] Idem.
[10] BENÉVOLO, História da Arquitetura Moderna, 1989. Afirma: “A arquitetura moderna é o estudo de um modelo novo de cidade, distinto da tradicional, e comça quando os <> e os <> chamados a colaborar na gestão da cidade pós-liberal são capazes de propor um novo método de trabalho, livre das anterioress divisões institucionais (...). Benévolo – Storia dell’Architettura Moderna.
[11] HOWARD, Ebenezer – Tomorrow, a Peaceaul Paht to a Real Reforms. Londres, 1898. reeditado em 1092 com o titulo de Garden Cities of tomorrow.
[12] STEIN, Clarence- Toward New Towns for América.
[13] “A enunciação cientifica da teoria do zoning foi avançada em 1923 por Burgess partindo de seus estudos sobre Chicago. O zoning é definido como tendência da cidade se dispor por bairros concêntricos em torno de um bairro central de negócios ou de um bairro de tipo direcional. Na descrição da cidade de chicago, Burgess indicativa uma série de zonas concêntricas, cada uma corresponde a um função bem definidas: o centro de negócios, que absorve a vida comercial, social, administrativa e dos transportes; a zona de transição, que circunda o centro que é representada por uma espécie de aureola de degradação formadas por residências pobres onde estão os negros e os imigrados recentes e onde se encontram as pequenas oficinas; a zona de residência operária, onde estão os trabalhadores que desejam morar perto de suas fabricas; a zona de residência mais rica, que compreende habitações individuais e casas de vários andares; enfim, uma zona externa, onde estão os imigrados cotidianos, agrupados em torno dos entrocametos das via que convergem para a cidade.” ROSSI, Aldo – Arquitetura da cidade- 2ºed. – São Paulo: Martins Fontes, 2001. – (coleção a)

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